Qual a fonte mais utilizada na matriz energética brasileira? Qual o futuro das renováveis no Brasil? Veja, neste conteúdo!
Apesar de contar com a presença de fontes de combustíveis fósseis, a matriz energética brasileira é considerada uma das mais renováveis dentre as economias mundiais. Enquanto o Brasil utiliza mais de 48% de fontes renováveis, a média mundial é de 14%.
Mas, embora a matriz brasileira tenha se desenvolvido nos últimos anos, atraindo investimentos em fontes limpas, o mercado ainda precisa crescer. Isso é fundamental tanto para fazer uma boa transição energética quanto para diversificar a matriz.
Qual a diferença entre matriz elétrica e matriz energética?
Antes de explicar melhor sobre a composição da matriz energética brasileira, vale explicar as diferenças entre matriz elétrica e matriz energética. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a matriz energética é um conjunto de fontes disponíveis em um país, estado ou mundo para suprir toda a demanda de energia.
Já no caso da matriz elétrica, é o conjunto de fontes disponíveis para geração de energia elétrica em um país, estado ou mundo. Ou seja, esses tipos de matrizes são compostos de forma diferente.
Para grau de comparação, a fonte de energia mais utilizada na matriz energética no Brasil é o petróleo e seus derivados, com 33,1%. No caso da matriz elétrica, a fonte hidráulica lidera com 65,2%, seguida da biomassa com 19,1%.
Atualmente, a matriz elétrica brasileira é dependente da fonte hidráulica. Ou seja, 65,2% da energia gerada para o consumo no país, vêm de hidrelétricas. A grande questão é que em casos de escassez de chuva, como ocorreu em 2020 e 2021, toda a cadeia fica prejudicada e precisa optar por outras fontes, que podem ser mais caras ou mais poluentes. Segundo o Ministério de Minas e Energia, a participação das renováveis na matriz elétrica deve continuar acima de 80% até 2030, chegando a 85% em 2050.
A evolução da matriz energética brasileira
Embora a matriz hidráulica seja a fonte mais utilizada há anos no Brasil para a geração de energia elétrica e o petróleo sendo a fonte preponderante na matriz energética, nos últimos 20 anos, o país começou a efetivamente investir em novas fontes para aumentar a diversificação.
Segundo o Relatório Síntese do Balanço Energético Nacional 2021, da EPE, as fontes renováveis presentes da matriz energética brasileira atualmente são: biomassa de cana (19,1%), hidráulica (12,6%), lenha e carvão vegetal (8,9%) e outras renováveis (7,7%). Já as não renováveis são petróleo e derivados (33,1%), gás natural (11,8%), carvão mineral (4,9%), urânio (1,3%) e outras (0,6%). Ou seja, esses dados mostram como a matriz energética brasileira vem se diversificando, porém, ainda é preciso investir mais, para que a maior parte das fontes sejam renováveis e limpas.
O futuro da geração de energia
Nos últimos anos, o setor energético global tem passado por transformações significativas, impulsionadas pelo crescente compromisso com a descarbonização e a transição para fontes de energia mais limpas e sustentáveis. Um dos maiores desafios continua sendo a descarbonização do setor de transportes e mobilidade, que é uma das áreas mais difíceis de reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEEs).
Iniciativas no Brasil: RenovaBio e Combustível do Futuro
No Brasil, diversas políticas e programas têm sido implementados com o objetivo de reduzir a dependência de combustíveis fósseis. A Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), que continua em vigor, tem sido uma ferramenta crucial para promover o uso de biocombustíveis na matriz energética do país, ajudando a criar um mercado em crescimento para essas fontes de energia renovável.
Lançado em 2021, o Programa Combustível do Futuro permanece como um pilar central nessa estratégia, com iniciativas contínuas até 2024 para diminuir a participação de combustíveis fósseis na matriz energética nacional. Complementando essas ações, o Programa Nacional do Hidrogênio tem avançado com foco no hidrogênio verde, uma tecnologia que ganhou ainda mais relevância em 2023 e 2024, especialmente com a crescente demanda global por fontes de energia livre de carbono.
Avanços Recentes: Mercado de Carbono e Metano Zero
O mercado de carbono, formalmente estruturado no Brasil em 2023, é outra peça chave nesse cenário, incentivando empresas a adotarem práticas mais sustentáveis e reduzirem suas emissões. O Programa Metano Zero, lançado recentemente, também tem sido fundamental para mitigar as emissões de metano, um gás com potencial de aquecimento global muito superior ao CO2, fortalecendo ainda mais a estratégia brasileira de combate às mudanças climáticas.
Perspectivas para a Matriz Energética Brasileira
De acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2033, o Brasil deve continuar a reduzir sua dependência das hidrelétricas, com previsão de que, até 2033, menos de 45% da energia elétrica será gerada por essa fonte. Isso destaca o crescimento de outras fontes, como a geração distribuída e a autoprodução de energia, que devem aumentar sua participação de forma expressiva nos próximos anos, alcançando cerca de 20% da matriz energética.
Crescimento da Biomassa e do Biogás
O setor de biomassa e biogás no Brasil continua a mostrar um potencial expressivo de crescimento, impulsionado por avanços tecnológicos e políticas públicas favoráveis. De acordo com as últimas projeções da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e estudos internacionais, a oferta interna de biogás no Brasil deve continuar a se expandir de maneira acelerada nos próximos anos. As estimativas indicam que a produção de biogás pode alcançar cerca de 10 bilhões de Nm³ até 2035, com um aumento substancial na conversão para biometano, que poderá atingir até 6 bilhões de Nm³.
Esse crescimento é sustentado por uma série de investimentos em novas plantas de produção. Até 2029, espera-se a instalação de 81 novas plantas de biomethane, com uma capacidade combinada de 6,6 milhões de m³/dia, representando um investimento total de aproximadamente R$11 bilhões. O foco dessas plantas será principalmente o aproveitamento de resíduos da agroindústria, esgoto sanitário e resíduos sólidos urbanos, alinhando-se com as metas de economia circular e redução de emissões de gases de efeito estufa.
Além disso, as políticas governamentais e o aumento dos preços do gás natural têm incentivado o desenvolvimento do biometano como uma alternativa sustentável e competitiva em comparação ao gás natural tradicional. Até 2040, a participação do biometano no mercado global de bioenergia deve crescer significativamente, consolidando-se como uma das principais formas de energia renovável no Brasil.
Essas tendências indicam que o Brasil não só fortalecerá sua posição como um líder na produção de bioenergia, mas também contribuirá significativamente para os esforços globais de descarbonização, especialmente em setores onde a eletrificação direta é mais desafiadora.
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