Setor elétrico: conheça 3 questões estruturais

Setor elétrico: conheça 3 questões estruturais

O setor elétrico brasileiro passa por dificuldades. Mas, além dos reservatórios vazios, há outras situações que agravam o problema.

A seca histórica que assola o país vem impactando diretamente o setor elétrico brasileiro. Sem um consenso se a crise é passageira ou um novo regime de chuvas, especialistas apontam que a situação atual joga luz em problemas que vão além da escassez hídrica.

Desde 2001, quando o Brasil passou por uma crise energética, muitas mudanças estruturais deveriam ter sido feitas para evitar que no futuro a situação se repetisse. Embora o país tenha diversificado a sua matriz energética e tenha investido em tecnologia, 63% da energia gerada ainda vem de hidrelétricas, que são impactadas diretamente pela falta de chuvas.

Entenda melhor sobre as questões estruturais.

Térmicas caras em mal aproveitadas

Quando as hidrelétricas, sozinhas, não conseguem produzir energia suficiente, as térmicas são acionadas para manter a produção. O problema é que esse modelo é mais caro que as hidrelétricas e acaba onerando os custos de produção.

Os níveis dos reservatórios vêm reduzindo progressivamente nos últimos quatro anos e continuam sendo a fonte primária de geração Se a produção via térmica fosse mais barata, seria possível, por exemplo, acioná-la quando os reservatórios começassem a baixar. Contudo, essa opção acaba sendo utilizada somente em última análise.

Segundo o levantamento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), desde 2015 vem aumentando a taxa de indisponibilidade das termelétricas, apesar de elas continuarem recebendo receitas fixas para entregar energia ao serem acionadas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Calcula-se que R$8,7 bilhões são gastos a cada ano com projetos que poderiam ter o contrato rompido por indisponibilidade. Assim, as térmicas seguem sendo mal aproveitadas, tornando-se um peso para o bolso do consumidor.

Limitação de intercâmbio e o risco de estrangulamento da oferta

Com a extensão territorial do Brasil, nem sempre é possível que todas as regiões recebam energia de maneira adequada, isso é chamado de limitações de intercâmbio. Nesses casos, é preciso que haja investimentos locais, para que a energia chegue até lá além da melhora da eficiência, a fim de evitar desperdícios.

Por exemplo, o subsistema do Centro-Oeste/Sudeste gera 52% de energia produzida no Brasil, mas consome 58%. O excedente precisa sair de outra região, onerando o processo e desperdiçando energia pelo meio do caminho. Além disso, essa disparidade ocasiona situações em que regiões superavitárias precisam abrir as comportas dos reservatórios enquanto outra região precisa importar energia, por exemplo. Para melhorar essas questões, além da transmissão, o investimento em baterias é fundamental para armazenar energia.

Consolidação de um novo regime de chuvas

Há especialistas que acreditam que a escassez de chuva dos últimos anos pode se tornar tendência. A sugestão ocorre depois de repetidos invernos mais secos que o normal e o motivo apontado é, possivelmente, o desmatamento da Amazônia e os efeitos do aquecimento global. Assim, se a situação se confirmar, esse é mais um motivo para que haja um aumento do uso de fonte de energia renovável no país, já que sozinha as hidrelétricas não conseguirão suprir a maior parte da demanda nos próximos anos.

Portanto, para superar os desafios atuais uma estratégia para manter o setor elétrico de maneira satisfatória é diversificar a matriz, principalmente, focando em fontes renováveis. Além disso, os investimentos em eficiência e tecnologia são fundamentais para estimular o setor energético.

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