O Brasil desponta como um dos protagonistas no setor de energia solar global. Com mais de 50 gigawatts (GW) de capacidade instalada em 2024, o país ocupa atualmente a sexta posição no ranking mundial, ao lado de potências como China, Estados Unidos e Alemanha, de acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR). O ritmo acelerado de crescimento coloca o Brasil como um líder emergente, impulsionado por condições climáticas favoráveis, políticas públicas estratégicas e investimentos robustos.
Além disso, a expansão do setor fotovoltaico no Brasil não é apenas uma questão de desenvolvimento nacional. Ele reflete o compromisso do país com metas globais de sustentabilidade, alinhando-se às diretrizes da COP28 e ao Acordo de Paris. Estimativas da ABSOLAR apontam que, até 2030, a capacidade instalada pode ultrapassar 123 GW, consolidando ainda mais a posição estratégica do Brasil no mercado de energia renovável.
À medida que o setor fotovoltaico cresce, também aumenta a necessidade de mão de obra qualificada. Desde 2012, a energia solar já gerou mais de 1,4 milhão de empregos diretos e indiretos no Brasil. A expectativa é que esse número salte para 3,5 milhões até 2030, abrangendo desde funções técnicas, como instaladores e projetistas, até áreas administrativas e de engenharia.
Segundo um relatório da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA), o Brasil é um dos países que mais se beneficiará da criação de empregos verdes, mas enfrenta o desafio de suprir essa demanda com profissionais capacitados. Dados do SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) mostram que cursos relacionados a energia renovável, como instalação de sistemas fotovoltaicos, registraram um aumento de 65% na procura em 2023.
“Estamos vendo um movimento de valorização da mão de obra técnica. O setor solar exige profissionais com conhecimentos específicos, e essa qualificação pode ser uma oportunidade de ascensão social para milhares de brasileiros”, afirma Bárbara Monteiro, especialista em energia renovável e coordenadora de programas educacionais voltados para a sustentabilidade.
Desde o início da década, o setor solar atraiu investimentos de mais de R$ 230 bilhões e arrecadou cerca de R$ 71 bilhões em tributos, conforme levantamento da ABSOLAR. Esses números mostram o impacto econômico positivo que a transição energética pode trazer para o país, gerando não apenas empregos, mas também oportunidades para pequenas e médias empresas.
Um exemplo disso é o aumento de negócios locais relacionados à fabricação de componentes, como painéis fotovoltaicos e inversores. A nacionalização de parte dessa cadeia produtiva pode reduzir custos, aumentar a competitividade do Brasil no mercado externo e abrir novas portas para exportação de tecnologia.
Além disso, o setor solar contribui diretamente para a descentralização da matriz energética brasileira. Estima-se que, até 2030, 40% da geração solar no país seja de origem distribuída, isto é, em telhados de residências e empresas, oferecendo não só energia limpa, mas também autonomia e redução de custos para os consumidores.
O crescimento da energia solar no Brasil desempenha um papel crucial na redução das emissões de gases de efeito estufa. Em 2024, a geração fotovoltaica evitou a emissão de aproximadamente 30 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO₂), segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Esse impacto positivo contribui para que o Brasil avance no cumprimento de sua meta de zerar as emissões líquidas até 2050.
Adicionalmente, a adoção de energia solar alivia a pressão sobre outras fontes de geração, como hidrelétricas, que são vulneráveis à escassez hídrica. Essa diversificação torna o sistema energético mais resiliente a crises climáticas, garantindo estabilidade para o suprimento nacional.
No contexto internacional, o Brasil já é visto como um exemplo de eficiência na transição energética. Apesar de o país ser tradicionalmente conhecido por sua matriz limpa — com destaque para as hidrelétricas —, a energia solar vem ganhando espaço rapidamente. Segundo o ranking anual da IHS Markit, o Brasil é o país com maior potencial de crescimento solar em toda a América Latina, e figura entre os três principais destinos globais para investimentos em energia renovável.
“O Brasil tem o privilégio de combinar alta incidência solar com um mercado interno aquecido e políticas públicas que incentivam o setor. Esse cenário único torna o país muito competitivo no mercado global”, destaca Cláudio Ribeiro, consultor de energia da BloombergNEF.
As perspectivas para o setor fotovoltaico no Brasil são extremamente promissoras. Além da expansão da capacidade instalada, novos avanços tecnológicos devem desempenhar um papel central. Entre eles estão o uso de baterias de armazenamento, que aumentam a eficiência dos sistemas solares, e o desenvolvimento de usinas flutuantes, instaladas em reservatórios de água.
A inovação também está presente na integração de soluções como painéis bifaciais, que captam energia de ambos os lados, e tecnologias de inteligência artificial aplicadas à gestão energética. Essas inovações não apenas melhoram o desempenho dos sistemas solares, mas também reduzem os custos, tornando a energia solar mais acessível a todos os brasileiros.
A energia solar no Brasil não é apenas uma tendência passageira, mas sim um elemento essencial da matriz energética nacional e um motor de desenvolvimento socioeconômico. Ao mesmo tempo em que gera milhões de empregos e atrai investimentos, o setor contribui para a proteção ambiental e a redução das desigualdades regionais.
Com o avanço contínuo da geração fotovoltaica e a crescente demanda por mão de obra qualificada, o Brasil tem a oportunidade de consolidar-se como líder global em energia solar, construindo um futuro mais sustentável para as próximas gerações.
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