Brasil: Despertando o Gigante das Energias Renováveis para um Futuro Sustentável e Próspero

Brasil: Despertando o Gigante das Energias Renováveis para um Futuro Sustentável e Próspero
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O Brasil possui vantagens comparativas no combate às mudanças climáticas, como uma matriz energética diversificada e expressiva participação de fontes de energia renováveis. No entanto, é necessário transformar essas vantagens em competitividade, equacionando aspectos econômicos, sociais e de redução das emissões de carbono. Pesquisadores discutiram essa questão em um evento online promovido pelo Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG) e o Instituto ClimaInfo.

O relatório-síntese do Sexto Ciclo de Avaliação (AR6) do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) aponta que a temperatura média global está 1,1 °C mais alta em relação aos níveis pré-industriais, resultando em eventos climáticos extremos. Para limitar o aquecimento a 1,5 °C até 2030, é necessário reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) quase pela metade até 2030 e atingir emissões líquidas de CO2 negativas no início da década de 2050.

Oportunidades e desafios

O Brasil tem uma grande oportunidade de liderar a transição energética global ao expandir o uso de energia solar, em especial na região semiárida do Nordeste, para combater as mudanças climáticas e impulsionar o desenvolvimento econômico e social do país. Isso foi destacado por pesquisadores que participaram de um evento on-line promovido pelo Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais e pelo Instituto ClimaInfo.

Apesar de já apresentar uma matriz energética diversificada, com forte participação de fontes renováveis, o país ainda precisa tornar suas vantagens comparativas competitivas, considerando aspectos econômicos, sociais. No semiárido nordestino, por exemplo, há um alto potencial para a geração de energia solar.

Segundo Moacyr Araújo, coordenador científico da Rede Brasileira sobre Mudanças Climáticas (Rede Clima), só em Pernambuco, por exemplo, há mais de 100 municípios com áreas degradadas que poderiam ser aproveitadas para produzir energia solar, possibilitando uma revolução energética no semiárido nordestino. Além disso, a energia solar tem um grande potencial de expansão em todo o país, especialmente em áreas ensolaradas e com baixa incidência de sombras.

De acordo com o relatório-síntese do AR6 do IPCC, os custos da energia solar caíram 85% entre 2010 e 2019, o que torna essa fonte de energia ainda mais atrativa e acessível financeiramente. Essa tendência de queda nos custos deve se manter nos próximos anos, impulsionando ainda mais a adoção da energia solar em todo o mundo.

Além disso, o potencial de geração de energia eólica na região Norte e Nordeste é de cerca de 133 gigawatts (GW). Isso representa quase 70% de toda a energia gerada no Brasil, aproveitando a convergência de ventos.

Um dos principais desafios é melhorar o acesso a recursos financeiros adequados para implementar em larga escala medidas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. O aumento do financiamento climático é crucial, principalmente nos países em desenvolvimento.

A energia solar e eólica se apresentam como alternativas cada vez mais viáveis e eficazes para reduzir as emissões de GEE e combater as mudanças climáticas. Além disso, oferecem uma oportunidade importante para o desenvolvimento econômico e social do Brasil, contribuindo para um modelo de desenvolvimento menos desigual e com menos pobreza.

Nesse contexto, é fundamental que o Brasil aproveite suas vantagens naturais e invista em políticas públicas e iniciativas que promovam o desenvolvimento e a adoção de fontes de energia renovável, como a solar e a eólica. Isso inclui incentivar a pesquisa, desenvolvimento e inovação no setor, bem como aprimorar a infraestrutura e a capacitação técnica da população.

O governo, em parceria com o setor privado, pode desenvolver programas de financiamento e incentivos fiscais para facilitar o acesso a tecnologias de energia renovável e promover a implementação de projetos de geração de energia limpa. Também é fundamental que os governos federal, estadual e municipal trabalhem em conjunto para estabelecer metas e regulamentações claras que impulsionem a transição energética no país.

A sociedade brasileira também tem um papel importante nesse processo, ao demandar por soluções sustentáveis e apoiar ações que promovam a conscientização sobre a importância das energias renováveis e os benefícios de sua adoção. Isso inclui a promoção de campanhas educativas e a criação de redes de colaboração entre comunidades, empresas e instituições de ensino para compartilhar conhecimento e experiências na área.

Além disso, é importante que o Brasil fortaleça a cooperação internacional, participando de fóruns e acordos multilaterais relacionados ao clima e ao desenvolvimento sustentável. Isso permitirá o compartilhamento de melhores práticas, tecnologias e financiamento, além de possibilitar a construção de parcerias estratégicas que possam acelerar a transição para uma matriz energética mais limpa e sustentável.

Em suma, o Brasil possui um enorme potencial para liderar a luta contra as mudanças climáticas e promover o desenvolvimento sustentável por meio da expansão das fontes de energia renovável, como a solar e eólica. Entretanto, é necessário um esforço conjunto entre governo, setor privado e sociedade para superar os desafios e transformar essas vantagens em oportunidades reais de crescimento econômico, justiça social e proteção ambiental.

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