Ao descartar incorretamente os resíduos sólidos urbanos estamos, literalmente, jogando energia no lixo. Entenda os benefícios do descarte correto!
O descarte correto dos resíduos sólidos urbanos é um dos maiores desafios da humanidade no século XXI. Em apenas uma década, a geração de lixo no Brasil cresceu 11%. Ou seja, em 2010 o país gerava, anualmente, 71 milhões de toneladas e, em 2020, o valor passava de 79 milhões.
Desse valor, apenas 53% é destinado para aterros sanitários, enquanto o restante sequer foi coletado ou foi disposto em lixões e aterros irregulares, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).
Ao realizar o descarte incorreto desse material, ocorre a degradação e a contaminação do meio ambiente, gerando sérios riscos à saúde pública. Além disso, esse lixo poderia ser transformado em energia, gerando empregos, melhorando a economia e ajudando a natureza.
O que são os resíduos sólidos urbanos (RSU)?
De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), criada em 2010, os resíduos sólidos urbanos são todos os materiais, substâncias, objeto ou bem descartado que são resultado de uma atividade humana na sociedade. Os resíduos são diferentes dos rejeitos, pois o primeiro pode ser utilizado em sua forma original ou transformado para um novo fim. Já o segundo não há possibilidade de reaproveitamento e precisa ser descartado da melhor maneira possível para o meio ambiente.
A política nacional foi criada para trazer transparência sobre o descarte e gerenciamento do lixo de setores público e privados. Mas, embora a lei já tenha completado 10 anos, o tema ainda é bastante negligenciado e postergado no Brasil. Por exemplo, a lei previu que até 2014 todos os lixões deveriam acabar, garantindo que os resíduos sólidos fossem descartados de modo adequado, mas sabemos que a realidade é bem diferente.
Com um descarte em aterro, os resíduos sólidos urbanos são dispostos em camadas sobrepostas para que ocorra a degradação ao longo do tempo. Essa degradação gera o biogás, que em termos energéticos, pode ser aproveitado para aquecimento e geração de eletricidade por meio de turbinas a gás ou a partir da queima em combustão interna. Contudo, o potencial no Brasil ainda é muito subaproveitado.
Como gerar energia a partir do RSU?
Não é novidade para ninguém que é possível destinar os resíduos de maneira ambientalmente adequada e ainda gerar energia elétrica limpa e renovável. As usinas denominadas waste-to-energy (WTE) podem ser implementadas próximo de centros urbanos, pois não emitem odor. Isso economiza com transporte do lixo e facilita a distribuição de energia.
Apesar de alguns aterros já possuírem aproveitamento do biogás da decomposição para gerar energia elétrica, apenas 50% do combustível é capturado e o restante escapa, causando efeitos negativos para atmosfera e lençóis freáticos.
Se todo o volume de resíduos produzido no Brasil, fosse utilizado para gerar energia elétrica, o país poderia gerar de 4 a 5GW’s de potência instalada ao longo de uma década, demandando um investimento de 50 bilhões de reais. A implantação de usinas e o descarte correto criará condições para a gestão de RSU, bem como estimulará a economia e o setor energético.
Ou seja, em um cenário ideal os resíduos são recolhidos em lares e comércio por meio da coleta seletiva, tendo a parte reciclável destinada às cooperativas. Já os resíduos orgânicos são destinados à biodigestão anaeróbica e o que iria para aterros sofre tratamento térmico, seja por incineração, gaseificação ou pirólise.
Para o futuro, a tendência é de crescimento na geração de resíduos sólidos urbanos no país. Seguindo as estimativas da série histórica, o Brasil alcançará uma geração anual de 100 milhões de toneladas por volta de 2030.
Portanto, para evitar que todo esse material seja descartado de modo incorreto, é importante que o governo tenha mais rigor quanto às leis vigentes, bem como incentive empresas a investirem nesse tipo de geração de energia. Se você se interessou pelo assunto e quer entender melhor sobre a energia do lixo, leia o nosso texto no blog.
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