A inovação sustentável tem ganhado cada vez mais força no agronegócio brasileiro, e a Fazenda Mano Julio, em Mato Grosso, é um exemplo notável desse movimento. O projeto, realizado pela EVA Energia – uma empresa que integra o grupo Urca Energia e a GNPW Group – transformou a fazenda em um polo de geração de energia limpa a partir de dejetos suínos. Com um investimento de R$ 25 milhões, a fazenda está mudando a forma como a suinocultura lida com os resíduos, transformando-os em biogás para produção de eletricidade.
A fazenda, que conta com 340 mil suínos em quatro complexos de granjas, converte os dejetos dos animais em biogás por meio de 47 biodigestores. Esses equipamentos capturam o metano gerado durante o processo de fermentação dos resíduos, e o transformam em energia elétrica. Com uma capacidade instalada de 2,5 megawatts (MW), o sistema é capaz de suprir toda a demanda energética da fazenda e, ainda, fornecer o excedente para a rede elétrica local. Estima-se que essa energia seja suficiente para abastecer cerca de 5 mil residências, gerando um impacto positivo tanto ambiental quanto econômico.
Benefícios ambientais e econômicos
Além de gerar energia, o projeto da Fazenda Mano Julio evita a liberação de aproximadamente 3,6 mil toneladas de metano na atmosfera anualmente, o que ajuda a mitigar os efeitos das mudanças climáticas. O metano, um dos gases de efeito estufa mais prejudiciais, é 25 vezes mais potente que o dióxido de carbono no que diz respeito ao aquecimento global. Transformar esse passivo ambiental em uma solução energética renovável é um marco para o setor agropecuário.
Do ponto de vista econômico, o projeto também apresenta uma grande oportunidade. O biogás gerado se traduz em economia com eletricidade para a fazenda e, ao mesmo tempo, em uma nova fonte de renda com a venda do excedente para a rede. Além disso, o resíduo líquido do processo de biodigestão é reaproveitado como biofertilizante, promovendo um ciclo sustentável completo.
Inovação tecnológica e desafios superados
Paulo Franz, proprietário da Fazenda Mano Julio, explica que a implementação do projeto não foi um processo simples. Apesar da tecnologia de biodigestão já ser bem estabelecida em países europeus, adaptar esse modelo para a escala e o clima brasileiro foi um desafio. Durante três anos, entre 2019 e 2022, a EVA Energia realizou uma série de ajustes para garantir a eficiência e viabilidade da operação no Centro-Oeste brasileiro.
A produção de biogás no Brasil ainda é uma área em expansão. Segundo Rafael González, presidente do CIBiogás, a tecnologia necessária para processar os resíduos em larga escala só atingiu um nível de maturidade nos últimos anos. Esse avanço permitiu que iniciativas pioneiras como a da Fazenda Mano Julio se consolidassem como exemplos a serem seguidos no setor de bioenergia.
GNPW e o futuro da energia limpa no Brasil
O GNPW Group tem desempenhado um papel central na expansão da energia renovável no Brasil. Além de sua participação na Fazenda Mano Julio, a empresa está à frente do Solário Carioca, um projeto de energia solar inovador localizado no antigo aterro sanitário de Santa Cruz, no Rio de Janeiro. Essa usina, que será capaz de gerar 5 MW de energia solar, destaca-se não apenas por sua capacidade de geração, mas também pela reutilização de um espaço antes destinado ao descarte de resíduos. Com mais de 11 mil painéis solares, o projeto trará uma economia significativa para os cofres públicos, sendo capaz de abastecer escolas e unidades de saúde municipais.
Com a operação dessas iniciativas, o GNPW Group fortalece sua posição como um dos líderes na transição energética do Brasil. O impacto combinado dos projetos de biogás e energia solar demonstra que, com inovação e visão estratégica, é possível alinhar desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental.
Energia renovável: uma realidade crescente
O Brasil possui um potencial vasto para a geração de energia renovável, especialmente a partir de fontes como o biogás e a energia solar. De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), o Brasil é um dos países com maior crescimento na adoção da energia solar, reforçando a importância de projetos como o Solário Carioca.
O uso do biogás no agronegócio também tem mostrado um crescimento expressivo. Dados recentes do Panorama CIBiogás revelam que 80% das plantas de biogás no Brasil estão ligadas ao agronegócio, com um grande potencial ainda a ser explorado em estados como o Mato Grosso. À medida que mais produtores rurais adotam essa tecnologia, o país se aproxima de uma matriz energética mais sustentável e diversificada.
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