Como a guerra na Ucrânia impacta a segurança do setor de energia e qual a importância da transição energética nesse cenário? Entenda.
Desde o início dos ataques da Rússia à Ucrânia, em fevereiro de 2022, o tema energético entrou em pauta, mostrando a urgência em acelerar a transição energética mundial, principalmente no caso dos países europeus.
Com as sanções impostas à Rússia, houve um desabastecimento de petróleo e gás russos, trazendo desdobramentos globais do ponto de vista econômico. Ou seja, o aumento no preço da gasolina e seus derivados, independentemente de o combustível ser de origem russa ou não, tem refletido no valor de todos os produtos transportados por rodovia.
As consequências da guerra e a segurança do setor de energia
Em um primeiro momento, a Europa precisará aumentar a queima de carvão, fonte que representa mais de 16% da matriz do continente e gera impactos ambientais com a emissão de CO2. A China, país com maior emissão de gases do planeta, também precisará encontrar meios para suprir a demanda por energia para sustentar o crescimento previsto para esse ano e deve apostar no carvão para isso.
Além disso, a geração nuclear também volta à pauta. Embora a Europa já esteja desenvolvendo projetos em renováveis, eles são de longo prazo, como o hidrogênio. Por isso, nesse momento, para manter a demanda, será preciso diversificar a matriz em substituição ao gás, e a energia nuclear torna-se uma opção viável. Passado o período inicial, a Europa deve expandir com as renováveis, aumentando investimentos em fontes limpas.
Com o preço dos combustíveis fósseis mais altos, há um estímulo para a expansão de fontes renováveis, com prováveis ganhos para o Brasil, que possui energia solar, eólica e biomassa em abundância. Nesse momento, o país tem nova chance de traçar estratégias para diminuir a dependência de combustíveis fósseis, como ocorreu na década de 1970, com a crise do petróleo que aumentou os investimentos na produção de etanol.
A transição energética mundial
Segundo o relatório da International Energy Agency (IEA) as emissões globais de dióxido de carbono associadas à energia aumentaram 6% em 2021, devido à retomada econômica de vários países com a estabilização da pandemia do covid-19. Nesse primeiro momento, pós-pandemia e com a guerra em curso, a segurança do setor de energia está totalmente atrelado à manutenção dos combustíveis fósseis. Por isso, cabe a cada país acelerar a sua transição energética, utilizando as fontes que mais estejam viáveis tanto em questão de disponibilidade quanto de preço.
Para o Brasil, a transição energética é uma grande oportunidade e uma grande vantagem competitiva. Afinal, o país já possui uma matriz energética diversificada, gerando 48% da sua energia por fontes renováveis, por meio de hidrelétricas, eólica, solar e biomassa. Ao mesmo tempo, é preciso reduzir o consumo de fontes que causam impactos ambientais.
Porém, vale ressaltar que para que a transição ocorra pode ser preciso realizar transferências fiscais e outras políticas que amorteçam as perdas de quem depende da produção e uso dos fósseis. Assim, é importante que o desenho de um novo mercado energético brasileiro seja suficientemente flexível para incorporar a realidade das inovações necessárias, ajustados aos modelos antigos que ainda devem coexistir.
Portanto, a segurança do setor de energia está diretamente ligada à transição energética. Nesse momento, grandes decisões poderão aprofundar a crise ambiental e climática, com seus graves impactos socioeconômicos, ou contribuir com a construção de um modelo econômico mais justo e inclusivo, que promova o equilíbrio entre as emissões e a remoção de gases que causam efeito estufa na atmosfera.
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