Os empreendimentos de recuperação energética de resíduos sólidos urbanos (RSU) vão competir nos Leilões de Energia Nova A-5.
Em setembro, será realizado o Leilão de energia Nova A-5 de 2021. O destaque vai para os projetos cadastrados de recuperação energética RSU, que aplicou 12 projetos com 315 MW. No total, foram cadastrados 1.694 projetos, totalizando 93,9 GW de oferta.
Esse será o primeiro leilão de energia para recuperação energética de resíduos sólidos urbanos (RSU). A medida é vista com satisfação para o setor, que acredita que esse tipo de aproveitamento energético é uma solução para a crise ambiental.
Quando se fala apenas de RSU no país, o potencial do biogás é de cerca de 1GW de capacidade instalada de geração elétrica. Assim, dar uma destinação eficiente a esse material é um passo importante para acabar com lixões e aterros sanitários, por meio da geração energética.
Quais os benefícios de investir em recuperação energética de RSU?
Incluir a recuperação energética de RSU no leilão de energia é fundamental para alavancar um novo tipo de investimento no setor energético e mostrar aos investidores que essa é uma fonte em ascensão.
O tratamento térmico vindo de resíduos, chamado de usinas Waste-to-Energy (WTE), é um importante fator para a gestão sustentável do RSU, com benefícios ambientais e energéticos.
Com a decisão do Ministério de Minas e Energia (MME) de incluir a recuperação energética de resíduos nos leilões deste ano, houve uma efetiva alavanca das condições de mercado para desenvolvimento desse tipo de negócio e a aceleração de projetos por todo país. Embora ainda não exista uma usina WTE no país, esse primeiro leilão abre as portas para muitas iniciativas.
Uma usina WTE gera, em média, 600 kWh de energia elétrica por tonelada de RSU. Enquanto isso o aterro sanitário com a captação de biogás extrai uma média de 65 kWh por tonelada. Ou seja, uma usina tem uma eficiência dez vezes maior que um aterro. Outro ponto é que a energia do aterro é captada lentamente enquanto a eletricidade é gerada imediatamente em uma usina Waste-to-Energy.
Por fim, investir em usinas WTE é uma boa alternativa, pois essa fonte não é poluente e possui baixa intermitência, diferentemente das usinas eólicas e solares. Esse modelo consegue, inclusive, oferecer preços menores do que termelétricas convencionais movidas a combustível fóssil.
Gestão sustentável de RSU no Brasil
No país, se 35% dos RSU fossem destinados para usinas WTE de tratamento térmico, seria possível produzir 1.300 GWh/mês. Isso seria suficiente para o consumo de 3,29% da demanda nacional de energia elétrica. Embora seja um número pequeno para a geração nacional, esse modelo tem se tornado uma boa alternativa para indústrias e produtores agrícolas. Afinal, eles conseguem diminuir os custos elétricos com esse modelo e, ao mesmo tempo, conseguem eliminar os resíduos dos processos.
O Brasil está atrasado quanto à gestão de seus resíduos. Mesmo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), grande parte dos resíduos são enviados para lixões, sem tratamento correto ou gerenciamento adequado. A União Europeia destina 47% do seu lixo para reciclagem e compostagem, 28% para usinas WTE e 24% para aterros sanitários, com captura do metano para geração de energia.
Para garantir a universalidade da gestão sustentável de RSU no Brasil, seria preciso um investimento de US$ 3 bilhões ao ano, até 2031. Parte desse dinheiro seria destinado para a construção de usinas de compostagem anaeróbica, para geração de energia elétrica ou biometano.
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