A energia do lixo é uma fonte ambientalmente sustentável e praticamente permanente, mas quase inexplorada no país. Entenda melhor sobre o assunto.
A energia do lixo é algo que tem ganhado espaço no Brasil. Essa opção energética traz uma série de vantagens, como a diminuição dos impactos causados pela decomposição do material e a diversificação de matriz energética no país.
Cada vez mais os avanços tecnológicos estão permitindo a produção energética por meio dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), evitando que boa parte dos resíduos produzidos sejam depositados em lixões e aterros. Além dos benefícios ecológicos, esse modelo tem ganhado adesão em todo o mundo e, por isso, está cada vez mais viável de ser implementado.
Se você quer entender melhor como ocorre o processo e por que ele é vantajoso, continue lendo este conteúdo.
O que é energia do lixo?
A tecnologia de transformação de lixo em energia também é conhecida como reciclagem energética. Essa opção já é bastante difundida em países desenvolvidos, como Japão, Alemanha e Estados Unidos, mas no Brasil a prática ainda não prosperou. Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), quase 40% do resíduo gerado no país é passível de aproveitamento, contudo, apenas 13% é encaminhado para algum tipo de reciclagem.
A recuperação energética dos resíduos consiste em aproveitar o alto poder calorífico contido nos resíduos, transformando-os em algum tipo de energia. Ela pode ser gerada por meio de incineração com processos termoquímicos, como combustão, gaseificação ou pirólise. Há também a compostagem que gera energia pela biodigestão anaeróbia dos resíduos. O processo químico é realizado por micro-organismos que geram o biogás — mistura de metano e gás carbônico —, que é canalizado e transformado em material energético.
Dentre os resíduos utilizados estão os restos de alimentos, materiais descartáveis e o plástico. De modo geral, o resíduo é queimado em uma caldeira, produzindo vapor a alta pressão e temperatura que depois é expandido em uma turbina de vapor, acionando um gerador elétrico.
Como essa energia pode ser lucrativa?
De acordo com a Associação Brasileira de Recuperação Energética (ABREN), se o Brasil destinasse 35% de todo o resíduo sólido produzido para usinas Waste-to-Energy (WTE), o país poderia produzir mensalmente 1.300GWh, que seria suficiente para atender quase 4% da demanda energética nacional. Além disso, a organização prevê que a tecnologia tem potencial de atrair R$145 bilhões de investimentos na próxima década.
Atualmente, o Brasil é um dos maiores geradores de resíduos do mundo, ocupando a quarta posição mundial, com 80 milhões de toneladas descartadas anualmente. Contudo, o investimento para esse tipo de produção a partir desse insumo ainda é baixa.
Mais de três mil cidades no país ainda não se ajustaram à Política Nacional de Resíduos Sólidos e, para tentar ajudar, o governo tem criado incentivos e programas de parcerias a fim de que a iniciativa privada realize investimentos na área. A intenção é fortalecer as iniciativas, mas sem onerar o consumidor final.
No país, a primeira usina está sendo construída em Barueri (SP) e tem perspectivas de começar a operação em 2022. A parceria público-privada prevê tratamento dos resíduos por 30 anos e a mudança pode gerar até 20% de economia para a prefeitura.
Quais as vantagens desse processo?
De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), a geração de energia do lixo ainda é cara frente a outras fontes. Contudo, os desenvolvimentos tecnológicos e urgência de eliminar os lixões do país estão acelerando as iniciativas para promover essa geração energética.
O método de aproveitamento por meio da gaseificação é a opção mais indicada para os resíduos sólidos do país, pois ele é rico em materiais orgânicos, tem elevado grau de umidade e alto potencial de geração de gases.
As vantagens de produzir energia do lixo, além da diversificação da matriz energética, é que se elimina a necessidade de aterros sanitários, diminui-se os custos do estado quanto ao transporte e descarte desses resíduos, além de que essas usinas podem ser instaladas próximas aos centros urbanos.
Portanto, a energia do lixo é uma matriz importante e necessária para o fomento de práticas mais sustentáveis. Embora no país os investimentos ainda sejam poucos, é uma fonte que tem grandes perspectivas no futuro.
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