A transição energética está redefinindo mercados, e empresas que se adaptam agora liderarão o futuro sustentável.
Empresas que integram a transição energética em sua estratégia não apenas reduzem emissões, mas também criam vantagem competitiva no mercado global”, afirmam especialistas do setor.
A transição energética não é mais uma escolha, mas uma necessidade global. A substituição das fontes fósseis por energias renováveis avança rapidamente, impulsionada por políticas públicas, inovação tecnológica e mudanças no comportamento do consumidor. No entanto, essa transformação traz desafios significativos para governos, empresas e investidores.
Com a meta de limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C, conforme estabelecido pelo Acordo de Paris, países e empresas correm contra o tempo para reduzir emissões de carbono e implementar novas soluções energéticas. Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), o investimento em energia limpa deve dobrar até 2030, chegando a US$ 4 trilhões anuais.
Neste cenário, a governança corporativa ganha um papel fundamental, ajudando a definir diretrizes estratégicas, alocar recursos de forma eficiente e garantir que as empresas realmente façam a transição para um modelo sustentável de maneira estruturada e transparente.
Os desafios da transição energética
A mudança para um sistema de energia mais limpo não ocorre sem obstáculos. Além da necessidade de grandes investimentos, o setor enfrenta desafios como a modernização da infraestrutura, a volatilidade dos mercados energéticos e a resistência de setores tradicionalmente dependentes dos combustíveis fósseis.
1. Infraestrutura e redes inteligentes
A infraestrutura energética atual foi projetada para um mundo movido a combustíveis fósseis. A transição exige a modernização das redes de transmissão e distribuição, tornando-as mais eficientes e preparadas para fontes intermitentes, como a solar e a eólica.
As chamadas smart grids (redes inteligentes) surgem como solução para esse problema. Elas permitem o monitoramento em tempo real do consumo de energia, otimizando a distribuição e reduzindo perdas. Segundo um estudo da BloombergNEF, as smart grids podem melhorar a eficiência energética global em até 15%.
2. Armazenamento de energia e intermitência das renováveis
Outro desafio central é o armazenamento de energia. Como fontes como a solar e a eólica não geram eletricidade de forma contínua, é necessário investir em baterias de longa duração (BESS) para garantir estabilidade no fornecimento.
A Bloomberg estima que o mercado global de armazenamento de energia crescerá 15 vezes até 2030, impulsionado pelo avanço das baterias de íons de lítio e novas tecnologias como baterias de sódio.
3. O alto custo da transição e os incentivos governamentais
A transição energética requer investimentos bilionários. Para muitas empresas, os custos iniciais são um obstáculo. No entanto, incentivos governamentais, como créditos fiscais e financiamentos verdes, têm ajudado a viabilizar essa mudança.
Nos Estados Unidos, a Lei de Redução da Inflação (IRA) destinou US$ 369 bilhões para projetos de energia limpa. No Brasil, o BNDES já investiu mais de R$ 20 bilhões em iniciativas voltadas à transição energética.
O papel da governança corporativa
A governança corporativa desempenha um papel crucial na transição energética, garantindo que as empresas adotem práticas sustentáveis de forma estruturada.
“Empresas que integram ESG à sua estratégia organizacional têm mais sucesso na inovação e na criação de valor a longo prazo”, afirma um relatório do World Economic Forum.
1. Inovação como parte da estratégia
Para que a inovação ocorra de forma consistente, ela deve ser parte da estratégia central da empresa. O desenvolvimento de novas tecnologias, como hidrogênio verde e redes inteligentes, depende de um compromisso contínuo e estruturado.
2. Transparência e métricas ESG
A adoção de práticas de governança claras permite que investidores e consumidores confiem nas iniciativas sustentáveis das empresas. Relatórios de sustentabilidade, auditorias e certificações ESG garantem que as promessas de transição energética sejam cumpridas de fato.
Hoje, 90% das empresas listadas no Ibovespa já publicam relatórios ESG, um avanço significativo na transparência corporativa.
3. Conselhos estratégicos e incentivos internos
Empresas que criam comitês de inovação e sustentabilidade conseguem acelerar o processo de transição energética. Além disso, a adoção de metas e incentivos financeiros para executivos e funcionários tem sido uma estratégia eficaz.
Um estudo da McKinsey aponta que empresas que vinculam remuneração executiva a metas ESG apresentam melhor desempenho financeiro e maior engajamento dos stakeholders.
Inovações que estão transformando o setor
O avanço da tecnologia tem sido um dos principais motores da transição energética. Novas soluções estão surgindo para resolver desafios históricos e acelerar a mudança para um futuro sustentável.
1. Hidrogênio verde: a revolução da indústria pesada
O hidrogênio verde é uma das maiores apostas para descarbonizar setores como a siderurgia, a aviação e o transporte marítimo. Ele é produzido por eletrólise da água usando energia renovável, sem emissão de CO₂.
A União Europeia já investiu mais de € 5 bilhões em projetos de hidrogênio verde, e no Brasil, o Porto de Pecém (CE) está se consolidando como um hub para exportação dessa tecnologia.
2. Mobilidade elétrica e a expansão da infraestrutura de recarga
O setor automotivo está passando por uma revolução com a eletrificação dos veículos. Montadoras tradicionais, como Volkswagen e GM, planejam encerrar a produção de carros a combustão até 2035.
No Brasil, a venda de carros elétricos cresceu 90% em 2023, e a expectativa é que o mercado continue em expansão com a instalação de novos postos de recarga.
3. Energia solar e eólica mais baratas do que combustíveis fósseis
Segundo a IEA, a energia solar já é a fonte mais barata do mundo em diversas regiões. O custo da geração solar caiu 89% na última década, tornando-a uma solução viável para a eletrificação global.
No Brasil, a energia solar ultrapassou as termelétricas e já representa 16% da matriz energética.
A importância da COP30 na transição energética
A COP30, que será realizada no Brasil em 2025, representa um marco para a transição energética global. O evento reunirá líderes mundiais para discutir ações concretas contra as mudanças climáticas.
Empresas e governos devem aproveitar essa oportunidade para acelerar compromissos e fortalecer parcerias que viabilizem investimentos em energias renováveis.
“Estamos diante da década decisiva para transformar o setor energético. A governança corporativa, aliada à inovação e às políticas públicas, será fundamental para garantir uma transição sustentável”, conclui um estudo do Instituto Clima e Sociedade.
A transição energética é um caminho sem volta, e aqueles que souberem liderar essa transformação terão vantagem competitiva em um mundo cada vez mais sustentável.
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