O setor de energia está em constante evolução e atualmente, dois fenômenos se destacam nesse processo – a eletrificação e a expansão do hidrogênio verde (H2V). Segundo estimativas recentes, essas tendências podem injetar até R$2,2 trilhões na economia brasileira até 2050. Um estudo pioneiro do Portal Solar destaca que a demanda extra por energia elétrica decorrente desses dois fenômenos irá fortalecer o mercado de energia solar do Brasil.
Esse relatório inovador aponta para o papel protagonista da energia solar no aumento da demanda energética prevista para as próximas três décadas, consequência da descarbonização das economias. A necessidade estimada é de adicionar cerca de 540 GW em sistemas fotovoltaicos centralizados e distribuídos, assim como implementar baterias para armazenamento energético. Embora outras fontes renováveis também se expandam para atender à nova demanda, a solar se destaca como uma das mais competitivas e atrativas neste panorama.
A redução dos custos de painéis solares também tem impactado essa tendência. Dados da Agência Internacional para as Energias Renováveis mostram que o preço dos painéis solares caiu 90% no mercado global entre 2010 e 2019. Além disso, esses equipamentos aumentaram sua capacidade de geração de energia em 80% por metro quadrado na última década. No Brasil, a tarifa média de energia residencial quase triplicou, de R$ 284,67/MWh para R$ 632,62/MWh entre 2013 e 2022, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
O estudo indica que uma transição energética total da atual frota de veículos do Brasil geraria uma demanda adicional de 403 TWh/ano. Essa demanda se aproxima da capacidade total de geração de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional, o que exigiria o equivalente a cinco novas hidrelétricas de Itaipu. Em paralelo, as tecnologias de carregamento para veículos elétricos estão se desenvolvendo rapidamente. Segundo a Agência Internacional de Energia, em 2022, mais de 900 mil pontos de carregamentos públicos foram instalados globalmente, um aumento de 55% em relação a 2021.
No contexto brasileiro, dados do Ministério dos Transportes, da Secretaria Nacional de Trânsito e do Registro Nacional de Veículos Automotores indicam que há aproximadamente 120 milhões de veículos automotores no país. Segundo relatório do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores e da Associação Brasileira da Indústria de Autopeças, metade desse total, cerca de 60 milhões, estão efetivamente em circulação diária.
Embora a importância da eletrificação seja notável, com aplicações cada vez mais amplas em diversos setores, o conceito de hidrogênio verde é menos conhecido. O hidrogênio verde é produzido por meio de eletrólise alimentada por energia renovável, e é visto como um pilar na transição energética para uma economia de baixo carbono.
A demanda crescente por energia, impulsionada pela eletrificação, junto com a expansão do hidrogênio verde, estão transformando o panorama energético brasileiro. A mudança é, sem dúvida, monumental. Trata-se de uma transformação que não apenas altera o modo como geramos e consumimos energia, mas também tem o potencial de remodelar a economia.
Ainda assim, a transição para um sistema energético baseado na eletrificação e no hidrogênio verde não estará livre de desafios. Requererá políticas públicas eficazes, avanços tecnológicos, investimentos significativos e, acima de tudo, uma mentalidade adaptável para se ajustar a esta nova realidade.
As iniciativas governamentais e a cooperação internacional serão fundamentais para impulsionar essa transformação. Paralelamente, o envolvimento do setor privado será essencial para desenvolver novas tecnologias, impulsionar a inovação e fornecer o capital necessário para esses investimentos.
Na prática, a eletrificação e o hidrogênio verde podem não apenas ajudar o Brasil a cumprir seus compromissos climáticos, mas também criar empregos, estimular a economia e impulsionar o desenvolvimento sustentável. Representam uma visão de futuro na qual a sustentabilidade e a economia andam de mãos dadas, construindo um caminho energético que atende às demandas do presente sem comprometer as necessidades das gerações futuras.
O futuro energético do Brasil, por isso, se mostra promissor. A eletrificação e o hidrogênio verde são peças fundamentais para desenhar um cenário mais sustentável e economicamente viável. Com investimentos e políticas corretas, o Brasil pode se estabelecer como líder global nessa nova era de energia. A jornada certamente não será fácil, mas o potencial de benefícios para o país e para o planeta torna esse desafio uma oportunidade imperdível.
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