Movimentações estratégicas e valorização de ativos confirmam maturidade do mercado solar no Brasil.
O setor de energia solar fotovoltaica no Brasil iniciou 2025 com forte atividade no mercado de fusões e aquisições (M&A). Segundo o Boletim M&A da consultoria Greener, o primeiro trimestre apresentou crescimento de 25% no número de transações em relação ao mesmo período do ano anterior. Foram 15 operações formalizadas, evidenciando o dinamismo e a consolidação do setor.
O principal destaque ficou por conta da geração centralizada (GC), que concentrou sete das oito transações envolvendo usinas solares — mais que o dobro do registrado em igual período de 2024. Entre essas, cinco foram no modelo de autoprodução por equiparação, estrutura regulatória que permite maior previsibilidade de custos energéticos e atratividade para consumidores de médio e grande porte.
No total, 42 usinas solares foram negociadas, somando 1,1 GWp de potência instalada. A geração distribuída (GD), embora tenha representado a maioria em quantidade de projetos (23 usinas), teve apenas uma transação no período, uma queda expressiva frente às 55 usinas mapeadas no mesmo trimestre de 2024.
Os ativos de geração centralizada estão concentrados em estados com alto potencial solar: Minas Gerais (10 usinas), Bahia (8) e Piauí. Já os projetos de geração distribuída foram identificados em seis estados e no Distrito Federal, demonstrando capilaridade nacional mesmo com retração momentânea.
Expansão na cadeia de valor solar
Outro movimento importante foi observado na cadeia de valor da energia solar, que respondeu por 47% das transações de M&A no trimestre. Foram seis aquisições e uma fusão de empresas que atuam com serviços como automação, infraestrutura, smart grid, monitoramento e internet das coisas. Desse total, 58% das investidoras atuam com geração e/ou comercialização de energia, sinalizando uma tendência de verticalização e sinergia operacional.
Valorização de ativos reforça apetite do mercado
Um estudo da PwC Brasil revelou que empresas do setor energético brasileiro se valorizaram, em média, 20% nos últimos quatro anos. Mais relevante ainda, companhias que incorporaram fontes renováveis ao portfólio apresentaram valorização adicional de 25% frente àquelas que mantêm uma matriz energética tradicional.
Com base em mais de 3 mil empresas analisadas — incluindo brasileiras dos setores de energia elétrica, óleo e gás, saneamento e distribuição — o estudo mostra que, no Brasil, o setor elétrico representa 72% das companhias avaliadas, contra média global de 43%.
Para especialistas, essa valorização decorre da crescente eficiência operacional, retorno sobre investimento e relevância das energias renováveis no contexto global. “Não há como retroceder nessa pauta. A expansão das plantas renováveis é um caminho natural para o crescimento sustentável do setor”, pontuou o sócio de energia da PwC.
Solário Carioca: PPP como modelo de futuro para projetos solares
Dentro desse cenário de transformação e inovação, o Solário Carioca se destaca como exemplo de projeto estruturado para atender aos desafios da transição energética no setor público. Implantado no estado do Rio de Janeiro, o projeto é fruto de uma parceria público-privada (PPP) e tem como objetivo suprir parte da demanda energética de órgãos públicos com uma solução limpa, segura e financeiramente eficiente.
Por meio desse modelo, a administração pública se beneficia da energia gerada sem necessidade de investimento direto, enquanto o parceiro privado é responsável pela construção, operação e manutenção da planta solar. A estrutura contratual prevê fornecimento estável e economia significativa nos custos de energia, além de estar alinhada às metas de sustentabilidade e inovação tecnológica.
O Solário Carioca é também um reflexo da nova fase do setor solar: além de produzir energia limpa, incorpora sistemas modernos de automação, monitoramento remoto e gestão inteligente da performance, reforçando seu papel como planta de referência na próxima geração de projetos centralizados.
Perspectivas para 2025
Com o desempenho do primeiro trimestre indicando retomada vigorosa das fusões e aquisições — e com 2024 já representando 44% de todas as transações desde o início do monitoramento da Greener em 2022 — as perspectivas para o restante de 2025 são otimistas. Espera-se uma continuidade da expansão da geração centralizada, além de um amadurecimento nos modelos de autoprodução e PPPs.
O Brasil segue na trilha para se consolidar como um dos líderes globais em energia solar, com uma matriz cada vez mais descentralizada, limpa e estratégica. Projetos como o Solário Carioca reforçam que a transição energética não é apenas uma meta, mas uma realidade em curso — conduzida por visão de longo prazo, eficiência e compromisso com o futuro sustentável do país.
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