Com recordes de expansão em 2024, a energia solar brasileira se consolida como protagonista na matriz elétrica nacional, gerando empregos, investimentos e sustentabilidade.
A energia solar segue revolucionando o setor elétrico brasileiro, com índices de crescimento impressionantes. Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), em 2024, o Brasil consolidou-se como o sexto maior mercado global em capacidade instalada, alcançando 45,5 gigawatts (GW). Este número representa 16% da matriz elétrica nacional, colocando a fonte solar como a segunda maior em geração, atrás apenas da hidroeletricidade.
Os avanços do setor em 2024 movimentaram R$ 38,9 bilhões em investimentos, fortalecendo a economia nacional. Desde 2012, mais de 1,4 milhão de empregos foram gerados pelo segmento, e a expectativa é alcançar 3,5 milhões de postos de trabalho até 2030, incluindo vagas na construção de usinas, instalação de sistemas residenciais e comerciais e na manutenção de equipamentos.
Além dos impactos econômicos, a energia solar tem sido uma grande aliada na preservação ambiental. Em 2024, evitou-se a emissão de cerca de 24 milhões de toneladas de CO₂, segundo dados do Portal Solar. Este resultado equivale ao plantio de 170 milhões de árvores ao longo de 20 anos, evidenciando o papel crucial da fonte solar na mitigação das mudanças climáticas.
O próximo ano promete ser ainda mais promissor. Estima-se que o Brasil adicionará 13,2 GW de capacidade solar, um crescimento de 25,6%, de acordo com o Portal Solar. Deste total, 8,5 GW serão provenientes da geração distribuída – sistemas instalados em residências, empresas e propriedades rurais – e 4,7 GW de usinas de grande porte.
A descentralização da geração elétrica continua sendo um dos pilares do setor no Brasil. A popularização de sistemas solares em telhados e pequenos terrenos tem permitido uma maior democratização da energia limpa, com consumidores se tornando microgeradores e reduzindo seus custos energéticos. Em alguns casos, a economia pode chegar a 95% na conta de luz.
Em escala global, a energia solar já é a principal fonte de expansão da capacidade elétrica, respondendo por 60% dos novos projetos em 2024. A China lidera o mercado, com mais de 500 GW instalados, seguida pelos Estados Unidos e Índia. O Brasil, embora atrás das potências mundiais, caminha para se consolidar como líder na América Latina, representando 70% de toda a capacidade instalada na região.
A integração com outras fontes renováveis, como a eólica, também tem sido uma tendência no Brasil. Em estados como o Rio Grande do Norte e a Bahia, projetos híbridos – que combinam usinas solares e eólicas – têm ganhado força, otimizando o uso da infraestrutura de transmissão e garantindo maior estabilidade ao sistema elétrico.
Embora os números sejam animadores, o setor enfrenta desafios importantes. Um dos principais gargalos está na infraestrutura de transmissão, que não tem acompanhado o ritmo da geração. Em estados do Nordeste, por exemplo, usinas solares e eólicas enfrentaram limitações para escoar a energia gerada, resultando em perdas financeiras e subutilização da capacidade instalada.
Para mitigar este problema, o governo federal anunciou um plano de expansão da malha de transmissão, com 20 novos leilões previstos até 2026. A estimativa é de que esses projetos atraiam R$ 100 bilhões em investimentos, garantindo mais segurança e eficiência ao sistema elétrico.
Além disso, o setor ainda lida com a instabilidade regulatória. As mudanças nas regras para geração distribuída, como a cobrança gradual pelo uso da rede elétrica, têm gerado dúvidas entre investidores e consumidores. Especialistas apontam que um diálogo mais claro e políticas estáveis serão fundamentais para manter o crescimento robusto da energia solar no Brasil.
O mercado de energia solar também é impulsionado por inovações tecnológicas. Em 2024, a adoção de painéis bifaciais – que captam luz solar em ambos os lados – cresceu significativamente no Brasil, aumentando a eficiência energética dos sistemas. Outro destaque é o avanço nas baterias de armazenamento, que permitem maior autonomia dos consumidores e ajudam a equilibrar a oferta e demanda de energia.
Empresas têm investido em inteligência artificial e big data para otimizar o monitoramento e manutenção de usinas solares, reduzindo custos e maximizando a produção. Já no campo da pesquisa, cientistas brasileiros estão desenvolvendo tecnologias como células solares orgânicas, que prometem tornar a energia solar ainda mais acessível e sustentável.
Além dos ganhos econômicos e ambientais, a energia solar tem contribuído para a inclusão energética em comunidades isoladas. No interior da Amazônia, projetos de microgeração estão levando eletricidade para milhares de famílias, substituindo geradores a diesel por fontes limpas e renováveis.
Essas iniciativas não apenas melhoram a qualidade de vida das comunidades, mas também criam novas oportunidades econômicas e impulsionam o desenvolvimento local.
Com um potencial de geração estimado em mais de 28 mil terawatts-hora por ano – equivalente a 50 vezes o consumo atual do país – o Brasil tem todas as condições para liderar a transição energética global. Para isso, será fundamental manter o ritmo de investimentos, superar os desafios regulatórios e apostar em inovação.
O avanço da energia solar no Brasil é uma prova de que é possível aliar crescimento econômico e preservação ambiental. Com políticas públicas consistentes e o engajamento da sociedade, o futuro solar do Brasil é uma realidade que já começa a brilhar.
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